Portfólio de Formadora

Portfólio de Formadora
"Le plus grand bien que nous faisons aux autres hommes n'est pas de leur communiquer notre richesse, mais de leur révéler la leur" (Louis Lavelle - L'erreur de Narcise)

Estilo Pedagógico

"No que se refere às estratégias pedagógicas, não poderei dizer que sou adepta desta ou daquela em particular, uma vez que lanço mão a tudo quanto esteja ao meu alcance e se revele adequado a cada contexto formativo. As metologias activas são, sem dúvida, uma excelente via de ensino-aprendizagem; porém, o recurso a elas não deverá ser uma decisão leviana, já que actividades vazias de substância ou mal seleccionadas para o público em questão são uma perda de tempo imperdoável.

Pauto as minhas sessões por uma boa interacção, muitas perguntas, uma grande proximidade, alguma informalidade e humor, para além de exemplos práticos, histórias, metáforas, desafios, referências culturais variadas e bastante espontaneidade. E com inspiração e uma boa relação pedagógica, consegue-se muito bem adequar, a cada momento, as melhores estratégias, e fazer com que os participantes adiram a elas.

A experiência vai-nos oferecendo várias formas de fazer a mesma coisa, e o segredo está em dominar as alternativas à disposição e adaptá-las segundo os objectivos pedagógicos em causa, as características dos formandos e o tempo disponível. Não descuro na planificação das sessões, mas o meu planeamento é permeável aos imprevistos (que são, afinal, do que a vida é feita)".

(Trecho da "Entrevista ao Formador em Destaque", que abaixo incluo)
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Sou um tanto ou quanto experimentalista, arriscando "voar mais alto" se perante grupos de formandos que apresentam um leque de conhecimentos, experiência e competências elevado em relação à média, ou quando as situações me fazem crer que uma mudança se impõe. Para dar um exemplo contarei esta história:

Era uma vez...

No final de 2012, encontrava-me a ministrar uma acção a um cliente da área da banca, quando pressentimos - eu e a restante equipa pedagógica - que algo existia naquele grupo que impedia os formandos de se "soltarem", de serem mais "iguais a si mesmos" e de assim aproveitarem todo o seu potencial e o da formação. Quanto finalmente percebemos que aquilo que os constrangia não era senão a sensação de competitividade que pairava sobre cada qual (algo que subliminarmente lhes havia sido incutido ao longo das suas carreiras na intituição) arrisquei preparar-lhes, de um dia para o outro, uma actividade surpresa:

Decorria o módulo de comunicação e, uma vez que todos eles ocupavam cargos de liderança, optei por um desafio que contrapunha autonomia e cooperação. Fi-lo à laia de brincadeira inocente, envolvendo uma certa dose de mistério e uma quase puerilidade, e recorrendo a muitos balões coloridos que passei umas boas horas a encher; balões cuja existência em sala os fez ficarem desejosos da chegada do derradeiro momento.

Dada finalmente a partida, gerou-se um autêntico caos dentro de sala, com toda a gente a correr, a subir para cima das mesas e das cadeiras, e a rir até não poder mais. Não sei o que poderia ter parecido a quem nos visse de fora, mas o que me era dado a ver a mim era um grupo de amigáveis parceiros plenamente descontraídos, pela primeira vez agindo de forma absolutamente genuína e, sem dúvida alguma, com alegria.

No final fomos a contas com a razão do exercício, que ninguém ainda havia posto em causa, e que os haveria de surpreender. De repente toda a sala foi envolvida por um silêncio reflexivo. Contive a comoção que me dizia que aquele momento haveria de marcar uma viragem no nosso processo formativo, pois que os sorrisos com que se despediram naquela tarde eram indubitavelmente diferentes.

Não me enganei: logo no dia seguinte havia já quem por lá soubesse o que se passara na véspera. Os meus formandos tinham sentido vontade de o partilhar; e isso falava por si. Passados dois meses, um deles, na sua apresentação final afirmou assim: "quando naquele dia a Paula fez aquele jogo connosco, nós percebemos que...". E eu percebi que todos se sentiam felizes ao recordá-lo.

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Fundamentalmente, aposto muito na construção, manutenção e rentabilização da relação pedagógica, pois defendo que a coesão e a partilha de grupo aumenta exponencialmente o envolvimento e o desenvolvimento de cada um dos seus integrantes. Por esse motivo, faço, de todas as formas à minha disposição, por reconhecer os seus méritos, por celebrar os seus feitos e por prestar-lhes todo o apoio e acompanhamento possíveis (inclusive, e não raras vezes, após o término das acções de formação).

Nota: a imagem que escolhi para ilustrar este portefólio refere-se a uma "benção das fitas" que idealizei para os meus formandos, sendo que as fitas continham a avaliação que as suas prestações finais mereceram por parte de cada colega.
(Clique nas imagens para as aumentar)


1) Celebrando o sucesso de uma experiência pedagógica só possível com formandos de grande calibre.

2) Reconhecendo a incrível dedicação dos meus formandos que, no dia do pior temporal do ano, em que o centro de formação se encontrava por isso praticamente vazio, estavam todos reunidos em sala logo ao início da manhã.


3) Esta simulação final sobre "sushi macrobiótico" só foi possível com a cumplicidade de todos os elementos do grupo, pois cada qual trouxe consigo os utensílios e demais adereços para que a colega tivesse a oportunidade de levar a efeito uma simulação o mais fiel possível àquelas que pretendia ministrar no futuro (e que, efectivamente, hoje ministra). 

4) Mais um grupo especial, que primou por uma enorme entreajuda e atingiu resultados de grande qualidade. Ficou célebre a seguinte observação feita por uma formanda: - "Nós somos um grupo muito carismático, não somos?". Sem dúvida que sim, e que a noção disso não lhes retirou nada, antes acrescentou.


5) Este grupo perdeu pelo caminho três participantes que, sendo colaboradores de uma empresa, tiveram de se ausentar na sequência de um projecto profissional. Haveriam de completar a sua formação mais tarde, mas inseridos já numa outra acção. Porém, isso não fez com que fossem esquecidos pelos seus colegas que com eles iniciaram o percurso pedagógico e que desta forma os homenagearam.

6) Uma ex-formanda decidiu assinalar a minha presença na apresentação pública que efectuou na sequência do seu mestrado em ciências gastronómicas. A assistir levei comigo uma outra ex-formanda que se preparava para apresentar a sua dissertação de professora especialista. Ambas concluiram os seus projectos com distinção! :-)
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Mais informações sobre aquilo que aqui designei por estilo pedagógico, desde as estratégias de ensino-aprendizagem e motivacionais a que recorro, à minha personalidade e forma de estar em sala e na formação lato sensu, poderão ser lidas na "Entrevista ao Formador em Destaque" publicada no portal Forma-te em Abril de 2012, sobretudo nos seguintes capítulos:

7 - O que me destaca como formadora;
9 - Estratégias pedagógicas que utilizo;
10 - Perspectiva pessoal sobre a formação;
11 - Mensagem para outros formadores.